Turismo

Turismo

A cestaria, marca maior da nossa identidade, embora seja uma prática corrente desde as nossas origens, apenas adquirirá maior relevo a partir do século XIX, altura em que teremos começado a desenvolver esta indústria e em que teremos exportado a nossa técnica e a nossa arte para a Ilha da Madeira. Sobre este facto, correm, também, duas teorias.

Uma delas baseia-se numa história de que, aí por volta de 1870, terá estado preso na cadeia do Limoeiro, em Lisboa, um cesteiro de Gonçalo, de nome Joaquim Diogo. Juntamente com ele encontrava-se um madeirense que, na ânsia de querer passar o tempo, terá começado a aprender a arte de Diogo. E, assim, lá terá ido a indústria do vime de Gonçalo para a Madeira.

Há, também, quem admita que, em 1872, filhos de Gonçalo terão tomado parte na comitiva de D. Afonso de Vasconcelos Sousa e Cunha, conde da antiga vila de Gonçalo e, assim, teria sido levada a arte da cestaria para a Ilha da Madeira.

Esta hipótese parece até muito aceitável, uma vez que D. Afonso de Vasconcelos Sousa e Cunha foi, efetivamente, por essa altura, conde de Gonçalo e de Castelo Melhor e Reposteiro-Mor de El Rei e Senhor Donatário da Capitania do Funchal.

Uma outra versão sugere, ainda, que um outro Gonçalense, de nome Segura, terá levado a arte da cestaria de Gonçalo para o Brasil. 

Enfim, diversas versões que deixam bem vincado o papel preponderante de Gonçalo e dos Gonçalenses no florescimento e na expansão desta arte no território nacional e no mundo.

 

Festas e Romarias da Vila de Gonçalo

Como na maioria das localidades portuguesas, o ritmo festivo é marcado pelas tradições religiosas. 

Merecem especial destaque, em Gonçalo, a Festa em honra e louvor de Nossa Senhora da Misericórdia, que se realiza nos dias 7 e 8 de setembro. É a festa maior da freguesia, o ponto de encontro e de reunião de todos os Gonçalenses espalhados pelo país e pelo mundo. O momento alto é sempre a imponente procissão de velas, no dia 7 de setembro, que congrega milhares de peregrinos e visitantes.

Por altura da Páscoa, destacam-se as imponentes procissões dos Passos e do Enterro do Senhor, que acontecem na Sexta-Feira Santa.

Em tempos idos, chegou a realizar-se, também, a Festa do Divino Espírito Santo, no dia de Pentecostes, no entanto, esta festa deixou de ter realização anual.

 

Património Histórico da Vila de Gonçalo

A vila de Gonçalo possui um importante património arquitectónico. Em primeiro lugar, destaca-se o património arquitetónico religioso, que integra a sua igreja matriz do século XVI, com um imponente altar-mor de estilo Barroco, erguido na segunda metade do século XVII. 

A capela do Espírito Santo, reconstruída a partir de uma antiga capela de estilo românico, destacando-se o seu belo pórtico. 

A capela do Calvário, com um belíssimo pórtico e alpendre do Séc. XVI.

A capela de Nossa Senhora da Misericórdia, reconstruída no início do século XIX (1807), de estilo João V, a partir de uma pequena capela primitiva ali existente.

As Memórias Paroquiais da Diocese da Guarda referiam, ainda, a existência de mais quatro capelas. A capela de Santa Sabina, de que resta a fachada, na mesma rua a que deu o nome. Era uma capela privada pertencente a D. Brites de Mendonça, residente em Gonçalo e a D. Fernando Costa Cardoso, da vila de Castelo Branco.

Era também referida a existência das capelas de São Sebastião, de São Tomé e de São Marcos, cujas construções já não existem nos nossos dias. 

Mas, o património construído de Gonçalo vai muito para além das construções religiosas. O seu constante dinamismo e a riqueza da freguesia conseguem perceber-se, ainda hoje, nas robustas construções em pedra no centro da vila e enumeras varandas e alpendres com gradeamento em ferro forjado trabalhado, sinal exterior da riqueza dos seus proprietários.

Do complexo arquitetónico do centro histórico da vila, merecem especial destaque os solares da Família Cunha Leal e do antigo Quartel dos Bombeiros Voluntários, dois belíssimos exemplares da arquitetura dos finais do século XVIII.

Para além disso, realça-se, também, a antiga zona da judiaria, localizada na Rua de Nossa Senhora da Misericórdia, antiga Rua Nova do Almada, onde podemos observar um conjunto de construções que remontam à presença judaica, sobretudo pela existência de belos cruciformes. 

Uma última referência à casa manuelina, na Rua Padre João Parente Antunes, antiga Rua do Espírito Santo, cuja porta e a janela constituem um belo conjunto arquitetónico de estilo Manuelino, do séc. XVI. 

 

Património Natural da Vila de Gonçalo

A freguesia de Gonçalo fica situada no sopé da Serra da Estrela, num maravilhoso vale que se inclina sobre a bacia do Rio Zêzere, possuindo um microclima impar na região, muito favorável ao crescimento espontâneo de verga e vime (matéria-prima da cestaria), junto às várias ribeiras que entrecruzam o vale em direção ao rio. 

As serranias de Gonçalo, embora afetadas pelos incêndios das últimas décadas, privilegiam o crescimento autóctone do carvalho negral (Quer¬cus pyre¬naica Willd).

Aliás, o carvalho negral é, precisamente, o principal símbolo heráldico da vila, representando o Carvalho Grande ou Carvalho Santo, como também alguns lhe chamam, uma verdadeira maravilha natural, árvore centenária e classificada como árvore de interesse público pelo ICNF, sendo ponto de partida e de chegada para aqueles que têm fé na Senhora da Misericórdia, a cujo culto esta árvore se encontra intimamente ligada.

O nosso Carvalho Grande, embora se encontre bastante fragilizado na sua estrutura, é uma árvore mítica e ancestral, marca indelével da nossa cultura e matriz da nossa identidade.

Segundo a análise de Moisés Espírito Santo, na sua obra "Fontes Remotas da Cultura Portuguesa" o nome da povoação (Gonçalo) deriva do nome «carvalho», que foi objeto de oráculos.

No entender do autor, o carvalho poderia ser o próprio juiz e testemunho de contratos e de alianças – “gzy âllon [gozêialon] ou gzyn lalu [gozienlalu] ‘obséquio/culto do carvalho’, ‘venerando carvalho’.

Trata-se, portanto, de um exemplar maior do nosso património natural que se interliga com a nossa identidade cultural e religiosa.

1083

Habitantes

27,10

Área/km2

43,1

Habitantes/km2